O encarecimento do custo de produção, a baixa remuneração e o crescimento da importação de leite e derivados são as principais queixas

Quinto maior produtor de leite do país, Santa Catarina garante uma oferta na casa de 3,1 bilhões de litros por ano, o que corresponde a 8% da produção nacional.

Esse vigoroso setor, que envolve pequenas e médias propriedades rurais e cerca de 70 mil famílias catarinenses, está sob ameaça, assim como toda a cadeia produtiva nacional.

Por aqui, uma série de debates e audiências públicas buscam listar os problemas e propor soluções.

Relatando perdas consideráveis nas receitas e cobrando providências imediatas das autoridades, os produtores temem a falência do setor e fim da sucessão familiar nas propriedades agrícolas.

Dentre os motivos da crise, são apontadas as importações de leite do Uruguai, Argentina e Paraguai, países do Mercosul, que têm situações tarifárias diferenciadas. Além disso, os produtores também reclamam do alto custo para produção de leite, lembrando dos enormes investimentos para manutenção das propriedades, e do preço baixo pago atualmente a eles pelas indústrias.

Medidas

Segundo os produtores, o aumento das alíquotas de importação anunciada pelo governo federal para alguns produtos tem pouco efeito pois referem-se apenas a compras feitas de países de fora do Mercosul, quando, na verdade, o grande impacto deve-se justamente aos produtos que vêm especialmente da Argentina e do Uruguai. Eles alegam que a importação de leite saltou da média anual de 3% para perto de 12% do volume consumido no país.

O que os produtores sugerem é uma espécie de “barreira técnica”, como por exemplo, igualdade de condições nas regras ambientais econômicas e trabalhistas.

Já a ajuda financeira de R$ 200 milhões anunciada pelo governo federal foi considerada insuficiente. Foi lembrado que o setor automobilístico conseguiu recursos de R$ 1,5 bilhão e que são muito mais expressivos os valores anunciados pelo Brasil para ajuda financeira à Argentina e a outros países.

“A cadeia de produção do leite tem inúmeros desafios para melhorar sua competitividade, mas entendemos que o governo deve fazer tudo que estiver ao seu alcance para proteger essa cadeia produtiva, e também dar meios para que esses que produzem sejam fortes, gerando emprego e renda”, defendeu o vice-presidente regional da Facisc para o Noroeste, Maikel Frey, em audiência pública realizada em São Miguel do Oeste.

Reivindicações

No rol das demandas dos produtores estão: fim da importação de leite em pó; concessão de incentivos fiscais pelo governo aos produtores; redimensionamento das indústrias; aumento de crédito presumido do PIS e Cofins; um plano a médio prazo mais competitivo com redução de custos dos lácteos; redução da margem do comércio que revende o produto e a possibilidade de aumento da produção interna, visando uma futura exportação de leite.

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