SCgás. Presidente da companhia aborda impacto positivo do Gás Natural e os planos para um futuro mais ecoeficiente

Engenheiro químico e de produção com ampla experiência no setor cerâmico, Otmar Josef Müller assumiu a presidência da Companhia de Gás de Santa Catarina, em junho deste ano, disposto a usar sua expertise em favor do fortalecimento e expansão do gás natural em Santa Catarina. Confira a entrevista exclusiva concedida à Rede Catarinense de Notícias.

Como a SCGÁS vê o papel do gás natural na transição energética do Brasil, especialmente considerando as metas de redução de emissões de carbono?

Otmar: O gás natural, na verdade, já prestou um serviço muito grande para a transição energética. Antes mesmo que isso fosse um assunto despontante nas preocupações mundiais. O advento do gás natural possibilitou aprimoramento de processos fabris e substituiu combustíveis muito mais pesados em termos de gás carbônico; o óleo combustível, o carvão, foram substituídos, e de outro lado a pureza do gás natural permitiu que os processos industriais fossem alterados de maneira que a eficiência energética fosse muito maior.

A indústria de revestimento cerâmico é exemplo disso?

Otmar: Sim. No caso da indústria de revestimento cerâmico, no passado gastava-se cerca de 1.400 quilocalorias para cada quilograma de produto. Hoje, gasta-se menos do que 500 quilocalorias por quilo. Isso foi um benefício já trazido pelo gás natural.

E no setor de transportes? 

Otmar: No campo dos transportes há uma possibilidade de substituição fácil, pelo pequeno custo de conversão para o gás natural; hoje o gás já é mais econômico do que os combustíveis líquidos e com benefício ambiental. Em relação à gasolina, a redução da emissão de gás carbônico é de 25% e, no diesel, mais ainda. No diesel, há emissões de enxofre, emissões também de óxidos, de nitrogênio e até de partículas de deficiência de combustão, de fuligens. Então, nessa frente dos combustíveis, há um espaço muito grande para redução das emissões de efeito estufa.

Porém, houve uma diminuição do interesse pela conversão do gás natural. Qual a razão?

Otmar: Isso aconteceu a partir de 2022, na época, no período eleitoral, em que então foi feita uma desoneração dos combustíveis líquidos, tanto da gasolina como do óleo diesel, nos impostos federais PIS/Cofins, e também redução do ICMS desses combustíveis. E o gás natural não foi beneficiado por essa redução. Então, aí realmente, em momentos assim, houve uma redução de consumo. Nossas vendas caíram pela metade para esse mercado veicular. Porém, hoje, o gás já é mais competitivo; em relação à gasolina, a economia está sendo de 28%. Nesse período passado, que estava desfavorável pelo gás natural, muitos motoristas chegaram a desconverter os seus veículos, tirar os tanques de gás natural, deixar de fazer as revisões das suas instalações, e isso provocou uma redução expressiva no consumo do gás natural.

Há alguma iniciativa para incentivar o consumo do gás natural?

Otmar: Nós estamos fazendo uma campanha, concedendo um bônus de R$ 2 mil para os 297 consumidores que fizerem as conversões, atendendo todos os requisitos legais. Os 297 primeiros que fizeram essa conversão estão recebendo esse bônus. Então isso também acaba mexendo com o consumidor e acreditamos que vai contribuir nessa reversão para o maior consumo. Também estamos propondo ao Governo do Estado uma redução da alíquota do IPVA para os veículos convertidos para o gás natural. É uma proposta, não é algo certo e está em análise ainda, mas estamos procurando demonstrar para o governo o benefício que isso traz para a economia, pois as pessoas vão economizar dinheiro no combustível e esse valor movimenta a economia em outros setores e gera tributos em geral.

Quais os desafios para expandir o uso de gás natural?

Otmar: O principal desafio é conseguir implantar efetivamente o mercado livre de gás, isso foi meta do governo anterior, foi feita aprovação de uma lei, sancionada no ano de 2022, mas essa lei precisa ser regulamentada pela Agência Nacional de Petróleo e Gás e isso ainda não aconteceu. Em decorrência disso, esse livre mercado ainda não foi efetivado e permanecemos praticamente reféns de um único consumidor, que é a Petrobrás. Hoje até existem outras empresas que fazem a exploração de petróleo e consequentemente do gás, no pré-sal, mas que acabam tendo que entregar para a Petrobrás.

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