Alesc lança Frente Parlamentar de Apoio ao Cultivo sem Solo
-
O evento aconteceu no Plenarinho Deputado Paulo Stuart Wright, na Assembleia Legislativa. (Fotos: Giovanni Kalabaide)
Nesta terça-feira (3) a Assembleia Legislativa lançou a Frente Parlamentar em Apoio ao Cultivo sem Solo, técnica conhecida como hidroponia. A iniciativa é do deputado Sargento Lima (PL), que coordena os trabalhos. Também integram a Frente os deputados Delegado Egídio (PL), Ivan Naatz (PL) e Maurício Eskudlark (PL).
A hidroponia é uma alternativa de cultivo especialmente útil para áreas urbanas ou regiões com escassez de solo fértil. A técnica consiste no cultivo de plantas em que as raízes ficam submersas em uma solução de água, nutrientes e minerais essenciais para as plantas. É utilizada principalmente para a produção de hortaliças e verduras, como alface, rúcula e agrião.
O proponente, deputado Sargento Lima, disse que a ideia de lançamento da frente surgiu da sua preocupação com a segurança alimentar e para incentivar inovações tecnológicas no setor de agricultura. Para ele, a hidroponia é muito importante, mas as pessoas ainda não conhecem a técnica.
Segundo o deputado, a verdadeira função de uma frente parlamentar é abrir fóruns de estudo para criar leis de forma embasada. E esse é objetivo do grupo: fazer reuniões com vários atores para pensar nas melhores políticas públicas. Citou, por exemplo, incentivos fiscais e financiamentos na área, como linhas de crédito e microcrédito. Além disso, devem realizar estudos sobre viabilidade de destinar emendas parlamentares para desenvolver plantações hidropônicas nas escolas estaduais. “A gente pode fazer experiências no estado todo”, diz o Sargento Lima.
Participaram do lançamento o diretor da plataforma Hidroponia, Roberto Luiz Lange; o coordenador do Laboratório de Hidroponia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Jorge Luiz Barcelos; e o diretor da empresa de produtos para hidroponia Hortivynil, Antonio Carlos Daniele. A mesa de abertura também teve participação do gestor estadual da Divisão de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal da Cidasc (Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina), Thiago Santos e do diretor da Maternidade Dona Catarina Kuss Mafra, Jeferson Lopes.
“Pela primeira vez o conceito do cultivo sem solo está sendo apresentado nessa Casa, isso é uma conquista”, disse Lange, que coordena a plataforma Hidroponia. A plataforma reúne agentes da cadeia produtiva, como um hub facilitador de integração. A empresa desenvolve o projeto “Hidroponia em Números”, realizando levantamento de dados para fazer um diagnóstico da área e embasar políticas públicas para investimentos. A frente irá contribuir para a coleta de informações.
Para Lange, os agricultores que praticam hidroponia sempre questionaram qual seu espaço e reconhecimento pelo poder público e esse acolhimento que desejavam veio da Alesc. Também destacou que o sistema de cultivo traz segurança alimentar, racionalização de recursos hídricos, aumento da produtividade e produção em espaços urbanos, propiciando a aproximação do produtor com o consumidor .
Barcelos, professor do LabHidro da UFSC, disse que são anos de luta na universidade pelo cultivo hidropônico. O laboratório foi inaugurado em 1998 e desde então “vem tomando frente, fazendo pesquisas, desenvolvendo tecnologias e disseminando-as”. É uma agricultura diferente, envolve muita tecnologia, de várias áreas.
Segundo Barcelos, as pesquisas colocaram Santa Catarina no protagonismo na hidroponia. É uma “nova agricultura que vai fazer parte cada vez mais das universidades, dos municípios, das áreas urbanas e periurbanas”, diz.
Normalmente, o cultivo hidropônico é realizado em estufas de plástico, dentro de estruturas menores, chamadas túneis altos e túneis baixos ou mesmo em edifícios fechados com iluminação artificial. O modelo de plantio tem custo inicial mais alto e necessidade de monitoramento permanente. No entanto, o modelo economiza água, tempo e espaço, zera a perda de safras por mudanças climáticas e aumenta a produtividade. Além disso, por ser um sistema elevado, o produtor trabalha de maneira mais confortável.
Daniele, diretor da Hortivynil, disse estar satisfeito com a iniciativa, que era “tão aguardada pelo setor.” A empresa entrou no ramo em 2016, em Joinville, e produz materiais para o cultivo hidropônico para o Brasil.
Também se manifestou durante o evento Marcelo Gesser, agricultor do município de Antônio Carlos. Ele será o secretário de agricultura do município a partir de 2025. Disse que o incentivo à hidroponia pode ajudar a sucessão familiar no campo, já que toda a tecnologia que chega traz qualidade de vida para os agricultores e pode despertar o interesse dos mais jovens.
Deixe seu comentário