A sessão foi realizada a requerimento do senador Inácio Arruda (PCdoB-CE), que recordou a fundação da ABI pelo jornalista catarinense Gustavo de Lacerda, em 1908.
As críticas feitas por jornalistas ao excesso na edição de medidas provisórias demonstram a atualidade das lutas da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), disse nesta quinta-feira (24) o presidente do Senado, Garibaldi Alves, durante sessão especial em homenagem aos cem anos da entidade. A sessão foi realizada a requerimento do senador Inácio Arruda (PCdoB-CE).
- Hoje, os jornalistas mantêm essa chama acesa, quando combatem as medidas provisórias, que tanto humilham o Congresso Nacional, que tanto fazem dele uma instituição de um papel caudatário. Temos consciência de que, sem a imprensa, nossa voz daqui não sairia, não inundaria os corações dos brasileiros - disse Garibaldi.
No primeiro pronunciamento da sessão, Inácio Arruda recordou a fundação da ABI pelo jornalista catarinense Gustavo de Lacerda, em 1908. Inicialmente voltada à prestação de assistência aos profissionais de imprensa, como lembrou o senador, a associação passou a desempenhar um papel cada vez mais relevante na defesa das liberdades democráticas. A sede da instituição, no Rio de Janeiro, foi palco de entrevistas históricas - como as concedidas por Fidel Castro, Che Guevara e Bob Kennedy - e de reuniões que lançaram campanhas - como a "O Petróleo é Nosso", que resultou na criação da Petrobras.
- Expresso nossa gratidão, minha e do Partido Comunista do Brasil, à ABI, e renovamos nossa confiança no trabalho dessa entidade. Que ela prossiga empreendendo o mesmo esforço que outrora resultou na conquista e na consolidação da democracia, desta vez rumo à crescente ampliação da cidadania e da justiça social - afirmou Inácio Arruda.
O senador Pedro Simon (PMDB-RS) lembrou o papel da ABI na luta pela liberdade e em defesa da cultura nacional. O primeiro cineclube do Brasil, ressaltou, foi criado pela associação. A entidade também participou decisivamente, como recordou, em campanhas políticas como as da luta pela anistia, pelo fim da censura prévia, pelas eleições diretas e pela realização de uma Assembléia Nacional Constituinte.
- Em uma hora em que o Brasil vive sem referências, nós prestamos uma homenagem cívica a nossas referências mais queridas, mais puras. A ABI é um orgulho do Brasil, um orgulho de nosso povo - observou Simon.
A senadora Marisa Serrano (PSDB-MS) concordou com Simon, ao afirmar que se necessita da ABI para se "dar um rumo à sociedade brasileira". Por sua vez, a senadora Serys Slhessarenko (PT-MT) ressaltou a necessidade de se buscar um jornalismo com responsabilidade. Para ela, não se pode permitir que continue a avançar o que chamou de "onda denuncista". A imprensa, a seu ver, "deve informar, não julgar e condenar indivíduos".
Ao lembrar a contribuição do Piauí para a história da imprensa brasileira, o senador Mão Santa (PMDB-PI) ressaltou o exemplo do jornalista Carlos Castello Branco, que durante muitos anos foi titular de uma coluna de política no Jornal do Brasil. Após agradecer a homenagem, o presidente da ABI, jornalista Maurício Azedo, reforçou o elogio a Castello Branco, a quem definiu como "o mais competente e admirado cronista político que o Brasil já teve". Azedo também ressaltou o papel de jornalistas como Barbosa Lima Sobrinho, a quem chamou de "patrono" da associação. Estiveram presentes à homenagem o diretor da Imprensa Nacional, Fernando Tolentino, e a subprocuradora-geral da República, Julieta Cavalcanti Albuquerque
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