com a construção da Usina Hidrelétrica do Túnel, no Rio Chapecó, acima das quedas, pela empresa Verde Vale, de União da Vitória (PR).

As 7 Quedas de Abelardo Luz, uma das maravilhas da Natureza brasileira, no Oeste catarinense, poderão desaparecer, em breve, com a construção da Usina Hidrelétrica do Túnel, no Rio Chapecó, acima das quedas, pela empresa Verde Vale, de União da Vitória (PR). Com a construção de um túnel no fundo do rio as águas serão desviadas das quedas, com a grave ameaça de grande redução no volume e na vazão do Chapecó.

 

A comunidade de Abelardo Luz, cidade com 16 mil habitantes, está se mobilizando contra a construção da Usina do Túnel. Com a denominação de "Amigos das Quedas", 28 entidades se uniram pela defesa do maior patrimônio natural do município e da região. Lutando contra a construção da usina do Túnel, o grupo vai participar ativamente da Audiência Pública marcada pela Fundação do Meio Ambiente de Santa Catarina (Fatma) para a próxima terça-feira, dia 25, às 19 horas, na Câmara Municipal de Abelardo Luz. A audiência é aberta a todos que quiserem participar e a "Amigos das Quedas" está mobilizando a comunidade regional e suas lideranças para se posicionaram contra esta ameaça às Quedas de Abelardo Luz.

 

PREOCUPAÇÃO

 

“A comunidade e as lideranças de Abelardo Luz deveriam mesmo estar preocupadas com a construção da Usina do Túnel, pois existem outras possibilidades, Rio Chapecó abaixo, que não colocam em risco as 7 Quedas. Com o projeto que será discutido nesta Audiência Pública, há enorme risco de redução da vazão do rio, deixando-o com volumes de água de vazão mínima, como nas piores estiagens. As quedas secariam”, afirma o biólogo e especialista em gestão ambiental Milton Carlos de Filtro, técnico da Impacto Assessoria Ambiental, empresa de Chapecó.

 

A Usina do Túnel é uma PCH (Pequena Central Elétrica), que deverá gerar no máximo 28,30MW, mas deverá ter uma geração média de 15MW, que será incorporada ao sistema elétrico nacional, não devendo ficar em Abelardo Luz. “Na verdade, os únicos beneficiados com esta PCH são os empreendedores, que vão investir cerca de 40 milhões de reais na obra, com possibilidade de financiamento de até 80% pelo BNDES. A estimativa de lucro é de cerca de R$ 95 mil por MW gerado. Pela Lei, o empreendimento não precisa que repassar nada ao município, pois a legislação (Leis 7.9909/89 e 89.001/90) só obriga a isso a usinas que produzem mais de 30MW, o que não é o caso da Usina do Túnel”, comenta o biólogo.

 

Neste caso, de produção de mais de 30MW, o repasse obrigatório ao município seria de 6,75% de 45% da energia comercializada. O que significa que de uma receita de 95 mil reais por MW gerado, a Usina do Túnel teria que destinar pouco 2.757,37 reais a Abelardo Luz. Mas a usina só vai gerar, no máximo, 28,30MW.

 

MOBILIZAÇÃO

 

Com a união de 28 entidades abelardenses, até o momento, os “Amigos das Quedas de Abelardo Luz” estão se mobilizando para uma participação maciça e ativa na Audiência Pública que acontecerá nesta próxima terça-feira. “Além destas 28 entidades, grandes empresas locais e regionais estão também aderindo ao nosso movimento de defesa das Quedas, porque não podemos correr risco algum de perder o maior patrimônio natural e turístico do Oeste catarinense, que são as nossas quedas. Além disso, o túnel da usina será aberto à dinamite, por baixo da nossa zona urbana, o que é um risco para a cidade e para a nossa população”, comenta Fabrício Luiz Stefani, empresário e presidente do Sindicato de Produtores Rurais de Abelardo Luz.

 

Getuliano Michelin, um dos pioneiros de Abelardo Luz, destaca que há 30 anos, com espírito comunitário, um grupo de pessoas adquiriu as áreas ao lado das quedas, para evitar que no local fosse feita uma barragem e instalada uma fábrica de pasta mecânica. “Na época, as quedas foram salvas. Não podemos permitir, agora, que um túnel acima das quedas, venha a colocar em risco esta beleza natural”, disse Michelin, que é o presidente do Parque das Quedas.

 

TURISMO

 

“A nossa cidade tem vocação turística e poderá perder o seu principal cartão postal e atração. Temos um projeto turístico que envolve toda a comunidade. Se as quedas desaparecerem, o que será do nosso turismo e da nossa cidade? As 7 Quedas de Abelardo Luz fazem parte da nossa identidade”, afirma Clarice de Fabris, empresária, que é também a presidente do CDL de Abelardo Luz.

 

Valdir Colatto, deputado federal por Santa Catarina, manifestou-se solidário à luta pela preservação das Quedas. “Estamos encaminhando a todas as autoridades competentes nossa preocupação e o alerta pelo risco que esta obra representa para o turismo e o meio-ambiente, na regiçao”, disse o parlamentar, que deverá estar na Audiência Pública desta terça-feira.

 

“Durante os períodos de estiagem,o nível das águas do Rio Chapecó já diminui bastante. Imaginem se ainda retirarem, com um túnel, mais água do rio! As quedas vão sumir!”, declara João Bertoncello, comerciante de Abelardo Luz.

 

“Já acabaram com as 7 Quedas de Guaíra, no Rio Paraná, por uma usina. Agora vão acabar com as 7 Quedas de Abelardo Luz, no Rio Chapecó? Isso não pode acontecer”, disse João Gomes, turista paulista.