No total, DEM e PSDB reuniram 172 assinaturas de deputados e 33 de senadores que apoiam a comissão

A oposição já reuniu o mínimo de assinaturas necessárias para pedir a instalação de uma CPI no Congresso com o objetivo de investigar repasses do governo federal ao MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).

No total, DEM e PSDB reuniram 172 assinaturas de deputados e 33 de senadores que apoiam a comissão. Para que a CPI mista (com deputados e senadores) seja instalada, são necessárias pelo menos 171 assinaturas na Câmara e 27 no Senado.

A oposição ainda não decidiu se vai protocolar o pedido de criação da CPI na próxima terça-feira. Nos bastidores, deputados oposicionistas temem a retirada de assinaturas do pedido, o que inviabilizaria a comissão --a exemplo do que ocorreu na semana passada, quando o primeiro pedido de criação da CPI do MST naufragou depois da debandada de deputados da base aliada. Por isso, DEM e PSDB vão continuar a busca por assinaturas para ter uma "margem" que permita a instalação da CPI.

Os líderes oposicionistas afirmam que, desta vez, a coleta de assinaturas foi "seletiva", informando a todos os parlamentares que eles seriam pressionados a retirar assinaturas.

"Dessa vez, nós fizemos coleta individual, conversamos e não procuramos quem retirou as assinaturas anteriores. Esses nós fizemos questão de esquecer. O episódio em São Paulo nos ajudou bastante. Fomos surpreendidos com deputados que nem fazem parte dessa causa", disse o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS).

O parlamentar se referiu à invasão, esta semana, de uma fazenda produtora de laranjas no interior de São Paulo por integrantes do MST. Na opinião do deputado, a adesão à CPI cresceu depois que as imagens da invasão das terras produtivas se difundiram junto à opinião pública.

"São 172 assinaturas. Vamos receber novas assinaturas hoje à tarde. Na terça-feira, vou conversar com o deputado Ronaldo Caiado [DEM-GO] e com a senadora Kátia Abreu [DEM-TO] para decidir os próximos passos. A CPI mudou o foco, vai propor investigação dos repasses federais, dos repasses internacionais que o MST tem recebido, além de fase propositiva para rever o modelo de assentamentos", disse Onyx.

Acusações


A oposição acusa o governo de repassar recursos públicos ao MST por meio de entidades cadastradas junto ao Ministério do Desenvolvimento Agrário que seriam uma espécie de "laranjas" do movimento.

"O ministro [Guilherme] Cassel disse que, quando uma entidade é identificada como fraudadora de convênios com a União, ela fica proibida conveniar. Não é verdade. Há entidades condenadas pelo TCU que continuam conveniadas. Há uma articulação do governo para manter o MST irrigado", disse Onyx.

Em defesa do governo, o deputado Henrique Fontana (PT-RS) sinalizou a disposição da base aliada em trabalhar para a retirada de assinaturas por considerar que a oposição quer usar a CPI para fazer disputa política. "O que a oposição quer é apostar no conflito. A oposição, ao invés de resolver o problema, ela pretende aprofundar o problema, ela aposta em mais conflito e em luta política", afirmou.

Segundo Fontana, o governo repudia a ação do MST, que promoveu a invasão de uma plantação de laranjas no interior de São Paulo. "A atitude desta parte do MST é inaceitável. Aquela invasão e aquele vandalismo na fazenda em SP é inaceitável, que o nosso governo repudia profundamente", disse.

O líder governista afirmou que "os tempos da UDR [União Democrática Ruralista] ficaram para trás". "O MST não pode repetir ações como aquela cometida na semana passada, porque isso é ilegal e inaceitável. Agora, nós não devemos acirrar os ânimos apostando num conflito antigo UDR x MST que não interessa ao Brasil", afirmou.