Dia 6 de maio, exposição para apresentar os trabalhos artesanais desenvolvidos por produtores rurais de SC, com vime, fibras de bananeira, de trigo, indígenas e cipó imbé, no Centro Adminstrativo
No dia 6 de maio, a Epagri abre a exposição para apresentar os trabalhos artesanais desenvolvidos por produtores rurais de Santa Catarina com vime, fibras de bananeira, de trigo, indígenas e cipó imbé. A abertura será às 14h, no Centro Administrativo do Governo do Estado, situado na Rodovia SC 401, km 5, nº 4.600, Saco Grande, Florianópolis (SC).
Os artesãos e artesãs, extensionistas e técnicos da Epagri, o governador Luiz Henrique da Silveira, o Secretário de Estado da Agricultura, Antonio Ceron e o presidente da Epagri Luiz Hessmann participam da inauguração da exposição, que estará aberta ao público, gratuitamente, de 6 a 22 de maio, de 2ª. a 6ª. feira das 13 às 19h.
Ao promover a exposição, a intenção da Epagri é aproximar o público urbano do rural, mostrando o tipo de trabalho desenvolvido pela empresa junto às comunidades rurais. “Além de propiciar novas alternativas de renda, incentivando o aproveitamento de produtos obtidos na propriedade do agricultor, a atividade é sustentável” afirma Hessmann, revelando que os cursos, seminários e capacitações são realizados em parceria com o Projeto Microbacias 2 e outras instituições, entre elas a Udesc e o Sebrae.
Na exposição serão apresentados cestos, balaios, esteiras, porta-retratos, bolsas, luminárias, móveis e gaiolas, entre muitos outros produtos feitos com vime, cipó imbé e fibras de bananeira e de trigo, além do artesanato indígena.
A área de eventos da Gerência de Marketing e Comunicação da Epagri vem promovendo este tipo de exposição para mostrar ao público da capital os produtos e serviços que a empresa desenvolve em todo o estado de Santa Catarina junto às famílias de pequenos agricultores e pescadores familiares. Já foram realizadas exposições contando a história do arroz, da banana, da mandioca e da produção orgânica em SC.
Vime
Em Santa Catarina o vime está presente há quase um século, acompanhando principalmente os imigrantes italianos. Introduzido juntamente com a vinicultura, persistiu ao longo do tempo com diversos usos e aplicações, com destaque para a proteção de barrancas de rio, fabricação de canoas, cangas de boi, calçados (tamancos) e artigos trançados de uso doméstico (cestas, gaiolas, etc.). É utilizado, ainda, em paisagismo, fabricação de brinquedos, amarração de vegetais (parreiras e kiwi), bioenergia (para produção de energia), fitorremediação (descontaminação de solos e lençóis freáticos), na fitoterapia e na terapia ocupacional.
A partir da década de sessenta do século passado, o incremento da vitivinicultura e o declínio das plantações de vime na Serra Gaúcha propiciaram a comercialização catarinense do vime “in natura” para suprir as demandas daquela atividade, como a amarração das plantas de videira e trançados para garrafas, garrafões e cestas de colheita.
O cultivo se concentra hoje na Serra Catarinense, nos municípios de Rio Rufino, Bom Retiro, Bocaina do Sul, Urubici, Urupema, Painel e Lages, de onde se expandiu para outras regiões do estado (Rio dos Cedros e Garuva) e do país. Atualmente, na região serrana, 1.266 famílias dedicam-se ao cultivo de 1.215 hectares de vime, sendo a produção anual de 15.790 de varas verdes e 6 mil toneladas de varas secas, prontas para o artesanato. “É uma atividade que não demanda insumos externos à propriedade”, explica o extensionista da Epagri da Serra Catarinense, Antonio Edu Antunes Arruda complementando que para a produção do vime é necessário somente uma fonte de água próxima à lavoura, o solo e a mão de obra do agricultor.
Vale destacar que a Estação Experimental de Lages possui uma coleção de espécies e de clones de vimes de diversas procedências como, por exemplo, da Alemanha, França, Itália e Argentina e outros países, com o objetivo de produzir material para produção de energia, para floricultura (uso “in natura” e desidratado) e para artesanato e móveis.
Fibra de bananeira
O projeto fibra de bananeira da Epagri teve início em 2001 na região do Litoral Norte Catarinense, quando um grupo de extensionistas da empresa aprendeu a técnica de extração da fibra por meio de curso de capacitação realizado na Escola Superior Luiz de Queiroz (ESALQ,) em São Paulo. Em seguida a técnica foi repassada a um pequeno grupo de agricultores de Corupá e, posteriormente, multiplicado para diversos grupos de interessados na região. “Atualmente 60 agricultores e artesãos tem parte de sua renda a partir da utilização da fibra da bananeira”, informa a extensionista da Epagri de Joinville, Terezinha Cechet Hartmann.
O trabalho artesanal com a fibra da bananeira se fortaleceu com o apoio do Projeto Microbacias 2, do Governo do Estado, que promove ações integradas visando ao desenvolvimento socioeconômico e ambiental do meio rural. Por meio das Associações de Desenvolvimento das Microbacias (ADMs) foram destinados recursos financeiros para a construção de duas unidades equipadas para a extração, tratamento e secagem da fibra e também para cursos de formação e capacitação para confecção de artesanato e extração da fibra. “Como existe grande demanda, a Epagri tem oferecido cursos profissionalizantes de capacitação para extração, secagem e tratamento da fibra visando o fortalecimento da atividade”, revela Terezinha. Vale destacar que as fibras possuem importância ambiental significativa, pois são recursos renováveis e não demandam processos químicos agressivos ao ambiente, o que contribui para a diminuição de impactos nos ecossistemas.
Cipó Imbé
O cipó imbé é uma planta epífita, ou seja, utiliza outra planta como suporte ao seu desenvolvimento. A parte utilizada para o artesanato é a raiz aérea da planta, que é coletada na mata pelos cipozeiros e organizada em feixes. Para a coleta, os cipozeiros usam alguns critérios como por exemplo, só coletar raízes que já estão maduras, ou seja, aquelas que já se fixaram ao solo, preservando a planta mãe (mãezera). As raízes consideradas imaturas permanecem na planta para se fixarem ao solo, de modo a não prejudicar a nutrição da “mãezera”, que se encontra no alto das árvores, no interior da floresta.
O cipó bruto, de coloração escura, é utilizado na confecção de cestas, balaios, cachepôs, esteiras e outros trabalhos rústicos. Entretanto, a maior parte do artesanato é produzida após o descascamento e a limpeza da parte escura da raiz, resultando em peças mais delicadas, com maior riqueza de detalhes e aspecto mais claro.
Os extensionistas da Epagri de Garuva começaram a perceber expressivo número de pessoas circulando a pé ou de bicicleta carregando grande quantidade de cipó. Descobriu-se um núcleo de pessoas que produziam artesanato com o cipó e que eram explorados por intermediários que comercializavam o produto, pagando muito pouco para os artesãos. “Os produtos eram feitos em série e com pouco valor agregado”, explica a extensionista da Epagri de Garuva, Roberta Ramos, revelando que a Epagri, por meio do Projeto Microbacias 2, em parceria com a Udesc começou um trabalho capacitando esses artesãos que passaram a desenvolver produtos diferentes do que estavam habituados, direcionados a um mercado mais exigente e que remunera melhor.
Os cipozeiros agora estão em busca do direito do acesso livre à matéria-prima articulados com a Rede Puxirão dos Povos e Comunidades Tradicionais do Paraná. Os municípios catarinenses envolvidos nesse trabalho são Garuva e Itapoá. O próximo passo é quantificar e localizar os grupos que trabalham com cipó imbé no território através de um mapeamento participativo executado pelos próprios Cipozeiros.
Artesanato Indígena
O povo Guarani é o que reúne o maior contingente populacional indígena do Brasil, com uma população superando 65 mil pessoas. Em São Francisco do Sul, a Aldeia Morro Alto conta com cerca de vinte famílias, num total aproximado de oitenta pessoas. Suas fontes de renda são a comercialização da mandioca, em pequena escala, e o artesanato, este feito quase exclusivamente por mulheres e crianças.
“Como a atividade artesanal é base da cultura indígena, os produtos destacam-se pela beleza e esmero na elaboração, sendo bastante comum observar as crianças aprendendo muito cedo o ofício”, conta a extensionista da Epagri de São Francisco do Sul, Lena Maria da Rosa de Souza, lembrando que a Constituição de 1988 efetivamente garantiu aos povos indígenas antes de tudo o direito de continuarem a ser índios, falando suas línguas e mantendo suas culturas.
Os indígenas desenvolvem trabalhos em cestaria com taquara, confeccionam também alguns bichinhos (tatu, onças, cobra, etc) com madeira própria, além de colares e pulseiras com sementes. “O forte deles é a cestaria”, confirma Lena. Outro produto bem conhecido é o “pau de chuva”, objeto sonoro que faz o barulho da chuva e é feito com taquara. A Epagri atua junto à comunidade indígena principalmente por meio do Projeto Microbacias 2.
Fibra de Trigo
O artesanato feito em palha de trigo é uma marca da bela região montanhosa situada no Meio-oeste de Santa Catarina. A técnica dessa produção artesanal foi resgatada pelo Projeto Tranças da Terra, nascido da necessidade de encontrar uma atividade que identificasse a região e gerasse renda para as comunidades rurais. Lançado em 2005, o andamento do projeto demonstra que a iniciativa está transcorrendo em tempo recorde e alcançará os resultados esperados em termos econômicos, sociais e ambientais.
O Projeto Tranças da Terra reúne 54 artesãos e 21 produtores de trigo envolvendo mais de cem famílias do Meio Oeste de Santa Catarina que, de forma associativa e em rede, desenvolvem um trabalho artesanal a partir da palha de trigo respeitando as raízes culturais da região. O projeto tem como essência o conceito de desenvolvimento, levando em conta a sustentabilidade social, econômica, ecológica, territorial e cultural e os princípios do comércio justo.
A idéia nasceu de um projeto de iniciação científica na Universidade do Oeste de Santa Catarina (Unoesc) de Joaçaba, com o envolvimento do Sebrae e da Associação dos Municípios do Meio Oeste Catarinense (Ammoc). Hoje o projeto conta com a parceria da Epagri, das prefeituras de Joaçaba, Catanduvas, Ouro, Luzerna, Água Doce e Capinzal, Secretaria de Desenvolvimento Regional de Joaçaba, Specht, RBS/TV Centro Oeste, Contábil Fardo e Casa Omega. O projeto é composto por um núcleo administrativo, seis oficinas de produção, dois núcleos de produtores de matéria prima e três campos experimentais.
O Sebrae contratou consultores de design e os trouxe até a região para trabalhar junto aos artesãos. Novos produtos foram criados e compõem as coleções: Cores da Terra, Flores da Terra e Curvas da Terra. Hoje 33 produtos, incluindo os novos da Coleção Interiores, fazem parte do projeto Tranças da Terra. São chapéus, sacolas, suplás, capitéis, porta-vela, caminhos de mesa, jogos americanos, bolsas, cesta para pães, linha folhas, arandelas mesa e parede (caracol, casulo, listrada, trama), luminária de mesa, luminária flores, centro de mesa bromélia e revisteiro.
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