O velório no Palácio do Planalto será aberto ao público às 16h e será encerrado às 20h.
O corpo do arquiteto Oscar Niemeyer deixará o Rio de Janeiro no avião presidencial nesta quinta-feira (6), às 13h, e tem pouso previsto na Base Aérea de Brasília para as 14h20, quando segue em cortejo pelo Eixo Rodoviário até o Palácio do Planalto. Às 15h, será recebido pela presidente Dilma Rousseff. O velório no Palácio do Planalto será aberto ao público às 16h e será encerrado às 20h.
Oscar Niemeyer morreu na noite de quarta-feira (5), no Hospital Samaritano, em Botafogo, no Rio de Janeiro, onde estava internado desde o dia 2 de novembro, vítima de complicações renais e desidratação. Por causa de uma infecção respiratória, o arquiteto, que estava na unidade intermediária do hospital, ficou sedado e respirando com auxílio de aparelhos. Niemeyer morreu às 21h55. Ele completaria 105 anos no próximo dia 15.
O corpo do arquiteto Oscar Niemeyer foi embalsamado no laboratório da Santa Casa de Misericórdia, no bairro de Inhaúma, na zona norte do Rio, durante a madrugada. No início da manhã, foi levado em cortejo de volta ao Hospital Samaritano, em Botafogo.
O velório será no Palácio do Planalto. Depois, o corpo volta para o Rio, onde será velado no Palácio da Cidade. O enterro do arquiteto está previsto para sexta-feira (7) no Cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro.
Repercussão
O governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, divulgou nota em que lamenta a morte do arquiteto Oscar Niemeyer e decreta luto oficial de sete dias.
"Brasília chora por Niemeyer o mesmo choro sentido e saudoso dos órfãos. Pois é assim, filha, que a cidade sempre se sentiu em relação a Oscar. Nosso espírito urbano é tão forte e peculiar quanto as curvas que domam o concreto e se vestem do céu azul do cerrado.”
De acordo com o Agnelo, é preciso preservar o legado arquitetônico deixado por Niemeyer. “Muito por mérito dele, nós, brasilienses, temos a graça de habitar uma cidade-monumento patrimônio cultural da humanidade. Hoje é dia de tristeza, mas é também o dia de bradarmos que devemos a este grande brasileiro o legado de preservá-la.”
O prefeito do Rio, Eduardo Paes, decretou luto oficial de três dias na cidade do Rio de Janeiro. Em nota, o prefeito disse que um dos maiores gênios que o Brasil deu ao mundo, Oscar Niemeyer foi mais do que um arquiteto brilhante e inovador que desafiou a lógica e contorceu as formas para criar verdadeiras obras de arte.
"Ele construiu marcos e deixou a sua marca na paisagem e na história de nosso país. Carioca, ele tinha com o Rio de Janeiro uma relação especial”, disse o prefeito por meio de nota.
Para Eduardo Paes, “o Brasil e o mundo perderam hoje um homem que dedicou toda a sua vida a produzir beleza. Mas o que ele criou ficará entre nós como a lembrança de um grande carioca que fez a diferença."
A presidente da República, Dilma Rousseff, ao lamentar a morte do arquiteto Oscar Niemeyer, diz, em nota, que “o Brasil perdeu hoje um dos seus gênios. É dia de chorar sua morte. É dia de saudar sua vida”.
De acordo com a presidente, a história de Niemeyer “não cabe nas pranchetas”. O arquiteto “foi um revolucionário, o mentor de uma nova arquitetura, bonita, lógica e, como ele mesmo definia, inventiva”. Dilma destacou ainda que “poucos sonharam tão intensamente e fizeram tantas coisas acontecer como ele”.
Ainda segundo a presidente, “da sinuosidade da curva, Niemeyer desenhou casas, palácios e cidades. Das injustiças do mundo, ele sonhou uma sociedade igualitária”.
“Carioca, Niemeyer foi, com Lúcio Costa, o autor intelectual de Brasília, a capital que mudou o eixo do Brasil para o interior. Nacionalista, tornou-se o mais cosmopolita dos brasileiros, com projetos presentes por todo o país, nos Estados Unidos, França, Alemanha, Argélia, Itália e Israel, entre outros países. Autodeclarado pessimista, era um símbolo da esperança”, diz a nota assinada pela presidente da República.
Carreira marcada pela ousadia
Niemeyer se transformou em sinônimo de ousadia com a construção de Brasília. Os cartões-postais da cidade foram feitos por ele, como a Igrejinha da 307/308 Sul, construída no formato de um chapéu de freira cuja obra durou apenas 100 dias.
O Palácio da Alvorada, a residência oficial da Presidência da República, foi o primeiro edifício público inaugurado na capital, em junho de 1958. Na obra, os pilares que Niemeyer desenhou para a fachada do prédio passaram a ser o emblema de Brasília.
A sede do governo federal, o Palácio do Planalto, compõe o conjunto de edifícios da Praça dos Três Poderes onde estão os prédios do Supremo Tribunal Federal (STF) e o Congresso Nacional – formado por duas semiesferas simbolizando a Câmara dos Deputados (voltada para cima) e o Senado (voltada para baixo).
Porém, um dos símbolos mais visitados da capital é a Catedral Metropolitana. Construída como uma nave, o acesso ao prédio é possível por meio de uma passagem subterrânea. No teto da igreja, há anjos dependurados.
Justiça social é o maior legado
A neta de Oscar Niemeyer Ana Lúcia disse nesta quinta-feira (6) que o principal legado do avô será o trabalho em favor da democracia e da justiça social. Ela chegou acompanhada da esposa de Niemeyer, Vera Niemeyer, ao Hospital Samaritano, por volta das 8h. Uma missa será celebrada no local, pela manhã, em memória do arquiteto.
“É claro que Oscar Niemeyer é um ícone. A arquitetura será a representação física dele, mas há a ideológica também. Mais do que a arquitetura, [há] o trabalho que fez em favor da democracia e da justiça social”, disse Ana Lúcia.
Ela contou que, até a semana passada, a família tinha esperança de que ele se recuperasse. “Ele estava lúcido. Havia uma previsão, inclusive, de ele ir para o quarto esta semana.”
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