Presidente do BRDE recebeu a Adjori/SC na sede do Banco, em Florianópolis

Em entrevista exclusiva à Adjori/SC, o presidente do Banco de Desenvolvimento Regional do Extremo Sul, João Paulo Kleinübing,  reforçou as iniciativas do BRDE nas áreas de inovação e sustentabilidade. "Somo o maior repassador de recursos da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) do Brasil" , assinalou. JPK lembrou, também, os recursos disponibilizados para preparar as empresas para fazer a transição energética. Confira os principais momentos.

Os municípios brasileiros, inclusive os catarinenses, têm sofrido muito com desastres climáticos. Qual é o foco e os valores financeiros do programa Sul resiliente? 

JPK: Esse é um programa criado pelo BRDE em parceria com o Banco Mundial.  São U$ 100 milhões para preparar os municípios, financiando obras que melhoram a capacidade de resposta em para desastres naturais. Será um programa em conjunto com a Secretaria de Defesa Civil do Estado, que possui uma relação das obras que são prioritárias, demandadas pelos municípios. Para que seja possível atender os casos mais vulneráveis em um momento que começamos a sentir os efeitos do ‘el niño’ e o nosso estado, infelizmente habitualmente sofre muito nessas circunstâncias. É fundamental que a gente se antecipe a essas condições.

Aproveitando a experiência enquanto prefeito de Blumenau, que tipo de obra a cidade precisa atualmente para antecipar futuros problemas causados pela chuva?

JPK: Podemos realizar desde alargamento de ribeirão, melhoria da vazão dos rios, aperfeiçoar os sistemas de drenagem para evitar efeitos de enxurrada, contenção nas encostas. Diferente da região oeste do estado que sofre com o problema oposto, a falta de chuva, poderia investir em sistemas que permita melhor gestão dos recursos hídricos. São diversas ações possíveis de serem feitas pelos municípios com esses recursos.

Há um movimento mundial de estimular e até privilegiar as empresas - e isso em todas as áreas - que atuam de acordo com os preceitos do ESG (práticas ambientais, sociais e de governança de uma organização). No entanto, é um caminho um tanto longo para muitas dessas organizações empresariais. Como trazê-las para essas práticas de sustentabilidade tão necessárias atualmente?

JPK: O BRDE tem se colocado estrategicamente como um ‘banco verde, da sustentabilidade’, é o direcionamento estratégico que adotamos em nossa atuação. Queremos discutir qual o volume de emissão de carbono que financiamos, oferecer recursos para que as empresas se adaptem a esse novo momento, para que inovem. A ideia é preparar as empresas para fazer a transição energética, instalação de painéis solares, investimento em biogás, permitindo às corporações mudarem o uso da energia, serem mais produtivas e eficientes, reduzindo o impacto de suas atividades no ambiente. Além da questão do crédito, vamos atuar no mercado de carbono que vai ser disciplinado no Brasil ao longo de 2023 e banco está se preparando para oferecer esse serviço.

E os recursos de inovação captados pelo BRDE?

JPK: Nós somos o maior repassador de recursos da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) do Brasil. Mais da metade dos valores que a Finep colocou no mercado foi através do BRDE e 42% deste total foi para Santa Catarina. Isso mostra da capacidade de inovação que o estado tem, além da nossa capacidade de utilizar esse recurso e orientar o empreendedor no sentido da inovação. Renovamos o convênio com Finep, que vai disponibilizar mais de R$ 1 bilhão por meio do BRDE para os três estados do sul. Temos uma parceria com a Acate, que representa as empresas de tecnologia no estado, que é o BRDE Labs. Esta ação de aceleração com recursos a fundo perdido que possibilita o incentiva a parte comercial das empresas, com mentoria, orientação para desenvolver o setor comercial de 100 novos empreendimentos do ramo.

O Pronamp Estadual sai?

JPK: Sim, este é o nosso apoio à micro e pequena empresa e que também tem uma vertente de inovação muito forte. São recursos para o empreendedorismo feminino, pequeno agricultor e os demais setores focados nos menores negócios. São de R$ 100 milhões a R$ 150 milhões para serem oferecidos pelo Pronamp de forma subsidiada pelo Governo do Estado, mas é preciso viabilizar esse processo para que tenha o menor impacto possível nas contas estaduais. Aguardamos do governo a aprovação de um projeto de lei específico que cria previsão do pagamento dos juros por parte do estado.

E as eleições municipais de 2024, será candidato?

JPK: Quero participar da discussão em Blumenau, cidade que fui prefeito em duas oportunidades, entendo que o governo também terá uma participação bastante ativa na discussão da eleição. O debate sobre quem será o candidato é prematura, para não gerar interferência no trabalho que está sendo realizado, mas quero contribuir com o governo nessa conversa.