Ao oferecer empréstimos a juros mais acessíveis aos seus associados e remunerar melhor os investimentos, as cooperativas de crédito vão conquistando..

Quem vive se queixando dos juros salgados cobrados sobre empréstimos pelos bancos e financeiras tem uma boa alternativa: as cooperativas de crédito, que se espalham por todo o país e ganham força também em Santa Catarina.

Segundo dados do Banco Central, ao final de 2002, existiam no país 1.395 cooperativas em funcionamento, com mais de 1,43 milhão de cooperados, respondendo por cerca de 1,6% do total de operações de crédito do sistema financeiro. Já há quem estime que essa participação pode crescer para 5% a 10% em cinco anos.

As Cooperativas de Crédito funcionam como Bancos Populares, oferecendo os mesmos tipos de serviço (empréstimos, cheque especial, desconto de cheque, cobrança, recebimentos, pagamentos, Doc, e, também, remuneração para aplicações financeiras. "Com uma estrutura mais enxuta, sem os encargos que recaem pesadamente sobre o sistema financeiro e sem a pressão de dar lucro para satisfazer os acionistas (como ocorre com os Bancos), as cooperativas de crédito conseguem operar sem cobranças de taxas (exceto as exigidas pelo Banco Central) e ainda oferecer outras vantagens: quem aplica o dinheiro tem uma remuneração acima da média de mercado e quem toma dinheiro emprestado paga juros muito abaixo do que é cobrado pelos bancos e financeiras", explica Pedro Paulo Pacheco, gerente administrativo do Sicoob/SC (Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil).

Governo estimula cooperativismo de crédito

Com as mudanças nas normas de constituição de cooperativas de crédito, o governo federal busca ampliar e difundir o sistema cooperativo de crédito como uma alternativa, de fato, aos bancos e financeiras especialmente em localidades menores, menos atendidas pelo sistema bancário. A permissão para a criação de cooperativas abertas facilitou a formação de cooperativas em municípios menores onde a exigência de segmentação tornava difícil a obtenção de quantidade suficiente de trabalhadores.

Normas rígidas

Mesmo flexibilizando a legislação para a criação de cooperativas, a administração continua sendo bastante rígidas. "Todas as cooperativas são normatizadas e fiscalizadas pelo Banco Central e seus dirigentes podem ser responsabilizados pelos resultados, inclusive com a indisponibilização de seus bens, lembra Pedro Paulo Pacheco, do Sicoob/SC.

Secretarias regionais terão cooperativas de crédito

Cada uma das 29 secretarias de Desenvolvimento Regional poderá contar com um posto de atendimento da Credisc (Cooperativa de Economia e Crédito Mútuo dos Servidores Públicos do Estado de Santa Catarina) favorecendo a adesão de interessados e ampliando a atuação da Cooperativa. O assunto está na mesa do diretor de Administração Tributária da Secretaria de Estado da Fazenda, Renato Hinning, a pedido do próprio governador Luiz Henrique da Silveira que vê no acesso ao crédito (aliado a programas como Pró-emprego e projetos Safra do Governo Federal) uma forma de diversificar a produção dos municípios, gerar emprego e renda e combater o êxodo rural.

Alvo: funcionalismo estadual, municipal e federal

Criada em julho de 1999, para atender funcionários da Secretaria de Estado da Fazenda, a Credisc ampliou sua área de abrangência para todo o funcionalismo estadual, inclusive aposentados, atendendo também pais, cônjuges e dependentes dos associados; prestadores de serviços não eventuais do Estado de SC, empregados da cooperativa e alguns tipos de pessoas jurídicas, como sindicatos e associações. Possui hoje, perto de mil cooperativados.

Alargando ainda mais seus horizontes, a Credisc solicitou ao Banco Central autorização para atuar junto ao funcionalismo público municipal e federal, no âmbito de Santa Catarina. "Vamos ter um universo potencial de 100 mil pessoas", comemora Edson Fernandes, gerente da área de arrecadação da Secretaria Estadual da Fazenda, atual diretor e um dos fundadores da Credisc. Ele observa que o momento é favorável ao crescimento, pela própria situação financeira do trabalhador brasileiro, em especial do funcionário público. "A expansão, porém, deverá ser gradual para manter a qualidade de serviços prestados ao associados", acentua.

Como aderir à Credisc

Todas as informações (quem pode aderir, os requisitos e condições necessárias) estão no site www.credisc.com.br. A integralização de capital - da ordem de R$ 1 mil - pode ser feita em até 50 parcelas de R$ 20,00. Efetuado o primeiro pagamento, o associado já tem direito a voto e pode se utilizar dos serviços da Cooperativa.

Saiba mais

O cooperativismo no Brasil nasceu em 1876, com a primeira cooperativa, constituída por imigrantes japoneses, em Peruíbe, São Paulo. Somente em 1932, apareceu a primeira legislação sobre cooperativismo. As cooperativas formadas anteriormente adotavam os modelos europeus, principalmente o inglês e o alemão.

Até a década de 70, a regulamentação permitia a formação de cooperativas de livre associação no Brasil. Hoje existem pouco mais de dez delas. A formação de novas foi proibida e a maioria das existentes na época foi liquidada pelo BC por problemas de má gestão e de mau uso da poupança dos associados. O governo acredita que, com as normas mais duras e a rígida fiscalização que imporá às futuras cooperativas abertas, o risco de isso acontecer de novo é muito pequeno.

Os tipos de cooperativa

Pela nova legislação, podem ser criadas cooperativas com as seguintes abrangências: Setoriais - envolvem pessoas de uma mesma atividade (produtores rurais, professores, profissionais de saúde, funcionários públicos, etc ) dentro de uma determinada área geográfica;Multisetoriais - agregam profissionais de vários segmentos. Reúnem, em geral, empresários das áreas do comércio, indústria e prestação de serviço e pode atender a nível estadual;Livre associação - abertas a qualquer pessoa e sem exigência de nenhum tipo de vínculo profissional entre os cooperados, a não ser uma delimitação geográfica. Isso para permitir que o associado participe das reuniões e das decisões da Cooperativa - princípio básico que norteia o empreendimento.

Como ser um cooperativado

No Sebrae é possível encontrar orientações para os interessados em formar uma cooperativa. As organizações do setor podem informar, também, quais as cooperativas existentes na região, que podem incorporar novos associados, de acordo com as normas legais. Anote os sites de algumas dessas entidades: OCB (www.ocb.org.br) Sicoob: www.sicoob.coop.br.