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Terça-Feira, 21 de Maio de 2024




Finanças

Construção Civil prevê crescimento impulsionado pelo programa Acredita do governo federal

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Outras iniciativas, como o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e o Minha Casa, Minha Vida, também devem contribuir para a expansão do setor, acreditam analista do mercado

Construção Civil prevê crescimento impulsionado pelo programa Acredita do governo federal
Foto: Divulgação CNI
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A construção civil é uma das principais forças impulsionadoras da economia brasileira, e isso se deve ao seu impacto direto e indireto em diversos aspectos econômicos. A afirmação é do economista Volnei Eyng, CEO da Multiplike. “Ela influencia diretamente o Produto Interno Bruto (PIB), refletindo a saúde econômica e o progresso do país. Além disso, é crucial para a geração de empregos, absorvendo uma grande quantidade de mão de obra, tanto qualificada quanto não qualificada”, diz. 

       Segundo ele, a construção civil também impulsiona a demanda por materiais de construção, estimulando a produção industrial e aumentando a atividade em setores como siderurgia, cimento e cerâmica. “Os investimentos nesse setor frequentemente resultam em melhorias na infraestrutura, essenciais para a eficiência econômica e a atração de mais investimentos, formando assim um ciclo virtuoso de crescimento e desenvolvimento”, destaca.

       Já o especialista em investimentos Peterson Rizzo, também da Multiplike, lembra que em relação ao desempenho econômico recente, a economia brasileira encerrou o ano de 2023 com um crescimento de 2,9%. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apenas dois setores registraram queda de atividades no mesmo ano: a indústria da transformação, com uma queda de 1,3%, e a Construção Civil, que recuou 0,5%. “No entanto, a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) projeta um crescimento de 1,3% para o setor, impulsionado pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e por novas iniciativas no programa Minha Casa, Minha Vida”, frisa.

       O especialista reforça que a Multiplike enxerga um potencial de crescimento na Construção Civil para este ano. “O Brasil, em comparação com outros países emergentes, apresenta um índice de participação da construção civil no Produto Interno Bruto (PIB) e de crédito muito menor. Portanto, acreditamos que o crédito nesse setor tende a crescer significativamente, e por isso desenvolvemos linhas de crédito com diferenciais em relação a outros players do mercado”, pontua.

       Rizzo elenca que a concessão de crédito a juros mais baixos têm um impacto positivo em ambas as pontas: torna o financiamento mais acessível tanto para as construtoras quanto para os compradores. “Para as construtoras, os juros mais baixos reduzem o custo de capital, permitindo investir mais em projetos e infraestrutura. Para os compradores, especialmente no mercado imobiliário residencial, o crédito mais barato facilita a aquisição de imóveis, aumentando a demanda por novas construções. Esse aumento na demanda estimula a produção, a geração de empregos e, por consequência, aquece a economia.”

       Eyng, por sua vez, ressalta que o setor privado vê com bons olhos o crescimento da construção civil, e reconhece a importância desse segmento para a economia. “Entretanto, há uma necessidade de desenvolvimento de novos produtos de crédito mais sofisticados. O estímulo à construção civil começou com os bancos, seguido pelas emissões de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) e pelos Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs), e hoje, por meio de grandes gestoras de crédito, o financiamento para incorporadoras e construtoras tornou-se mais acessível e rápido”, explica.

       “É o caso da Multiplike, que oferece securitização, antecipação de vendas das construtoras e fomento à produção imobiliária. Possuímos diferenciais significativos em relação aos CRIs, pois financiamos não apenas o que ainda será construído, mas também a parte já construída pelas empresas, oferecendo assim uma modalidade de crédito mais abrangente e alinhada com as necessidades do mercado”, cita.

 

Demanda por matéria-prima 

       Fábio Murad, sócio da Ipê Investimentos, afirma que a construção civil emprega uma grande quantidade de mão de obra, e impulsiona uma variedade de outros setores da economia. “Por exemplo, o crescimento da construção civil aumenta a demanda por matérias-primas, serviços de engenharia e arquitetura, e produtos manufaturados, como materiais de construção. Além disso, a construção de novos imóveis amplia a oferta de espaços para empresas e residências, estimulando assim o consumo e os investimentos”, diz.

       “O momento favorável da construção civil impacta positivamente a Ipê Avaliações, aumentando a demanda por nossos serviços. Desde avaliações para fundos de investimento imobiliário e Ofertas Públicas de Ações (OPA) até laudos de avaliação para financiamentos imobiliários e investimentos em empreendimentos, observamos uma crescente busca por nossos serviços”, indica.

       Para André Colares, CEO da Smart House Investments, a indústria da construção civil emerge como uma das principais forças propulsoras da economia brasileira. “Sua importância é inegável, dada sua capacidade de gerar empregos em larga escala e seu impacto multiplicador em diversas outras áreas, desde a fabricação de materiais até os serviços correlatos. Além disso, a construção civil desempenha um papel crucial no avanço da infraestrutura nacional e, por ser intensiva em mão de obra, desempenha um papel vital na redução do desemprego e no aumento da renda familiar”, destaca.

       “No âmbito empresarial, há diversas maneiras de capitalizar o bom momento da construção civil, como a expansão das operações para atender à crescente demanda por construção e serviços relacionados, investimentos em tecnologias construtivas inovadoras e estabelecimento de parcerias estratégicas com desenvolvedores imobiliários para lançar novos empreendimentos. Ademais, empresas que fornecem materiais de construção ou serviços especializados podem experimentar um aumento na demanda à medida que o setor cresce”, ressalta.

       E complementa: “Com base em nossa vasta experiência de mercado, lideramos a introdução de novas tecnologias e práticas sustentáveis na construção civil, incluindo a implementação de edifícios verdes, o uso de materiais ecoeficientes e projetos que minimizem o impacto ambiental. Tais inovações não só atraem consumidores conscientes do meio ambiente, mas também podem reduzir custos a longo prazo e criar edifícios mais duradouros e eficientes. Além disso, promovemos a capacitação da força de trabalho local, oferecendo treinamento e desenvolvimento para trabalhadores e gestores do setor de construção civil, o que eleva a qualidade do trabalho, reduz erros e retrabalhos, e assegura a manutenção dos padrões modernos de construção.”

 

Programa Acredita

       Os analistas do mercado financeiro lembram que no dia 22 de abril, durante o lançamento do Programa Acredita no Palácio do Planalto, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, enfatizou que um dos fundamentos do pacote de medidas anunciadas pelo Governo Federal é impulsionar o crescimento da construção civil e do setor imobiliário no Brasil. "Não há país conhecido que tenha alcançado níveis elevados de desenvolvimento econômico sem fortalecer a construção civil. A construção civil é valiosa em todo lugar. Ela gera muitos empregos, oferece muitas oportunidades e proporciona moradia própria acessível", destacou Haddad naquele ato.

       Ele ressaltou que, no que diz respeito ao crédito imobiliário, o Brasil ainda está aquém dos padrões experimentados por países desenvolvidos e mesmo em comparação com nações de nível semelhante. Assim, ampliar o crédito imobiliário é uma das metas do Acredita.

       "Há países que possuem mais de 100% do seu PIB em crédito imobiliário, enquanto outros têm entre 70% e 90%. Países comparáveis ao Brasil possuem entre 25% e 30%. No entanto, no Brasil, o crédito imobiliário representa apenas 9% do PIB, um terço dos nossos pares", explicou o ministro.

 

Mercado secundário 

       Na visão dos analistas, o Programa Acredita, voltado para o setor imobiliário e de construção civil, visa criar um mercado secundário de crédito imobiliário mais robusto para impulsionar esse setor no Brasil. A iniciativa pretende beneficiar especialmente as famílias de classe média que não se qualificam para programas habitacionais populares, mas para quem o financiamento a taxas de mercado é muito caro.

       Além disso, o Acredita tem como objetivo estimular a construção civil e promover o crescimento econômico, impactando positivamente o mercado imobiliário brasileiro. Ele expandirá o papel da Empresa Gestora de Ativos (Emgea) como securitizadora no mercado imobiliário por meio da criação do mercado secundário para crédito imobiliário.

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